A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu suas primeiras diretrizes clínicas recomendando medicamentos GLP-1 para adultos com obesidade. Isto representa uma mudança fundamental na política de saúde global, reconhecendo a obesidade como uma doença crónica e recidivante que requer intervenção médica a longo prazo – e não apenas uma questão de força de vontade. Com a obesidade a contribuir para 3,7 milhões de mortes anualmente e com um custo estimado de 3 biliões de dólares até 2030, a decisão da OMS sublinha a urgência de uma abordagem mais abrangente.
A ascensão das terapias com GLP-1
Os agonistas dos receptores GLP-1, incluindo medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, imitam hormônios naturais que regulam o apetite e o açúcar no sangue. Originalmente desenvolvidos para diabetes tipo 2, esses medicamentos demonstraram benefícios significativos além da perda de peso: redução de riscos cardiovasculares, proteção da função renal e potencialmente prolongamento da vida de pacientes diabéticos. O endosso da OMS valida estas conclusões e sinaliza uma aceitação mais ampla da intervenção farmacêutica no tratamento da obesidade.
Diretrizes: Medicação e Mudanças no Estilo de Vida
A OMS recomenda estes medicamentos para uso a longo prazo em adultos, excluindo mulheres grávidas, mas enfatiza uma advertência crítica: eles devem ser combinados com “intervenções comportamentais intensivas”. Isso inclui aconselhamento nutricional estruturado, apoio à atividade física e serviços de saúde comportamental. Isto não é apenas sugerido; é fundamental para a abordagem da OMS.
Por que isto é importante: A OMS afirma explicitamente que os medicamentos por si só não resolverão a crise. Uma estratégia holística é essencial.
O risco de perda muscular: um descuido crítico
Embora as terapias com GLP-1 ofereçam potencial, até 40% do peso perdido pode ser massa muscular, e não apenas gordura. O músculo é vital para a saúde metabólica, força e manutenção do peso a longo prazo. Perder músculos enquanto perde peso prejudica os benefícios à saúde e pode até piorar a função metabólica.
Para mitigar esta situação, a OMS e os especialistas recomendam:
- Treinamento de resistência progressivo: Treinamento de força 2 a 3 vezes por semana para preservar a massa muscular.
- Aumento da ingestão de proteínas: Procure consumir 0,72-1 grama de proteína por quilo de peso corporal para apoiar a retenção muscular.
- Provedores experientes: Atendimento abrangente abordando nutrição, exercícios, sono e estresse.
- Monitoramento da composição corporal: varreduras DEXA ou tecnologias semelhantes para monitorar perda de gordura e músculo.
O futuro do tratamento da obesidade
A orientação da OMS assinala uma mudança fundamental: tratar a obesidade como uma doença crónica que requer cuidados de longo prazo centrados na pessoa. Isto significa criar ambientes de apoio através de políticas, intervenção precoce para indivíduos de alto risco e acesso a cuidados abrangentes.
As terapias com GLP-1 podem ser ferramentas poderosas, mas a sua eficácia depende da sua integração com práticas de estilo de vida saudáveis, particularmente na preservação da massa muscular. Os resultados mais bem sucedidos pertencerão àqueles que vêem estes medicamentos como parte de uma abordagem mais ampla, e não como um substituto dela.
