A Dieta Pagano para Psoríase: O que a Ciência Diz

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A Dieta Pagano para Psoríase: O que a Ciência Diz

Mais de oito milhões de americanos vivem com psoríase, uma doença autoimune crônica que causa pele inflamada, com coceira e escamosa. Embora existam tratamentos tradicionais como medicamentos e fototerapia, alguns recorrem a abordagens dietéticas – incluindo a dieta Pagano – na esperança de obter alívio. Este artigo detalha o que a dieta Pagano envolve, a ciência por trás dela (ou a falta dela) e se vale a pena considerá-la.

O que é a dieta Pagano?

Criado pelo quiroprático John Pagano, este plano enquadra a psoríase como resultado da síndrome do “intestino permeável”: uma teoria de que as toxinas escapam do sistema digestivo através das paredes intestinais danificadas, provocando inflamação da pele. A dieta de Pagano visa “curar” o intestino, eliminando alimentos que se acredita piorarem a permeabilidade e a inflamação.

No entanto, os especialistas esclarecem: embora a saúde intestinal influencie a psoríase, o conceito de “toxina” está desatualizado. A condição é principalmente uma doença imunomediada, em que um sistema imunológico disfuncional ataca o corpo, incluindo a pele. A inflamação intestinal pode contribuir, mas o foco deve estar na regulação da resposta imunológica, e não apenas na “desintoxicação”.

Alimentos para comer e evitar

A dieta Pagano divide os alimentos em categorias estritas:

Permitido: Frutas (exceto frutas cítricas e morangos), vegetais, peixes selvagens, aves, cordeiro, pequenas quantidades de laticínios, arroz integral/selvagem (com moderação), 2 a 4 ovos por semana (não fritos) e óleos como coco, oliva, gergelim, semente de uva e linhaça. Chás de ervas também são permitidos.

Restrito: Carne vermelha, margarina, marisco, café, glúten, frituras, açúcares adicionados e álcool. Notavelmente, a dieta também proíbe vegetais de erva-moura (berinjela, pimentão, tomate, batata branca) – apesar de algumas pesquisas sugerirem que estes não são inflamatórios.

A ciência confirma isso?

A resposta curta: na verdade não. Embora alguns indivíduos relatem melhora dos sintomas com a dieta Pagano, os estudos são limitados e inconclusivos. Uma pesquisa mostrou melhorias, mas resultados semelhantes foram observados com dietas veganas e paleo, sugerindo que mudanças gerais na dieta – e não apenas este plano específico – podem estar em jogo.

Uma área com algum apoio é a restrição ao glúten. Indivíduos com psoríase e doença celíaca (ou com diagnóstico de sensibilidade ao glúten) podem se beneficiar de uma abordagem sem glúten. No entanto, para outros, é improvável que cortar desnecessariamente o glúten proporcione um alívio significativo.

Inflamação: o princípio fundamental

A dieta gira em torno da redução da inflamação, que é um fator chave na psoríase. A inflamação crônica impulsiona a resposta autoimune, causando sintomas cutâneos e potencialmente afetando outros órgãos. Uma dieta antiinflamatória rica em frutas, vegetais, gorduras saudáveis ​​(azeite, abacate, peixes gordurosos), grãos integrais e legumes pode ser útil – mas não requer as restrições extremas da dieta Pagano.

A alegação de que os alimentos alcalinos “curam” o intestino não está comprovada. O corpo humano regula rigorosamente os níveis de pH, independentemente da ingestão alimentar.

É saudável?

Apesar da falta de pesquisas definitivas específicas sobre a psoríase, a dieta Pagano não é inerentemente prejudicial à saúde. Sua ênfase em alimentos ricos em nutrientes e açúcares processados ​​reduzidos está alinhada com as diretrizes gerais de alimentação saudável. Isto pode ser particularmente benéfico, uma vez que a psoríase está associada a riscos mais elevados de doenças cardiovasculares, obesidade e síndrome metabólica.

No entanto, a restritividade da dieta acarreta riscos. Cortar grupos alimentares inteiros pode levar a deficiências nutricionais, padrões alimentares desordenados e privações desnecessárias.

O resultado final

Atualmente, os tratamentos médicos continuam a ser mais eficazes no tratamento da psoríase do que apenas a dieta Pagano. Embora a adoção de uma abordagem antiinflamatória na alimentação possa proporcionar algum alívio dos sintomas, a adesão estrita a esse plano específico não é apoiada por fortes evidências científicas.

Se você tem psoríase e está pensando em fazer mudanças na dieta, consulte primeiro um dermatologista ou nutricionista. Uma abordagem equilibrada e baseada em evidências tem maior probabilidade de produzir benefícios duradouros.